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"Em 17 de dezembro de 2010 eu sofri uma overdose e decidi que iria mudar. Eu não queria morrer&

Pesquisa aponta que 28 milhões de pessoas tem um familiar dependente químico.



Problemas financeiros, falta de estrutura familiar, más influências, decepções...São vários os motivos que levam uma pessoa à dependência química. Mas o que faz com que ela tenha esperanças, abandone esse mundo, se recupere? Exemplos de superação talvez possam ajudar.

Um levantamento feito pela Unifesp - Universidade Federal de São paulo, em 2013, aponta que 28 milhões de pessoas têm um familiar dependente químico. O nosso país é o segundo maior consumidor de cocaína e derivados (crack, merla etc), ficando atrás apenas dos EUA. Ainda de acordo com essa pesquisa, 1,5 milhões de pessoas fazem uso diário da maconha.

Imagem: joaodefreitaspereira.net.br


Angélica, 35 anos, começou a usar droga aos 16 anos, para se firmar no grupo em que andava e ser 'descolada', "a cocaína foi exclusiva por bastante tempo, cerca de 1 ano. O álcool virou segunda opção quando a usei pela primeira vez, e isso se deve simplesmente ao fascínio que a cocaína exercia sobre mim. Com ela eu me sentia poderosa, amada, popular, sensacional", diz. Ocasionalmente Angélica também consumia maconha. Ela conta que a família demorou a perceber "eu morei desde muito pequena com meus avós pois minha mãe foi embora quando eu tinha 4 anos. Acho que por causa da distancia de nossas gerações, minha família sabia que havia algo errado, mas não sabia o que".

Fonte: Revista Sciense


O relações públicas, Clayton Álvaro, 32, começou aos 14 anos, por falta de estrutura familiar, pais ausentes "meu pai era alcoolatra, ele bebia muito. Eu acabei começando a usar porque eu só vi isso na realidade familiar e, também, por conta dos vários problemas que eu vivia com meu pai, violência em casa...a droga foi como um fuga".

Segundo ele, a droga é algo muito sedutor, que proporciona alguns segundos de êxtase, "eu esquecia tudo que tava vivendo naquele momento de ruim, me proporcionava esse escape, só que eram poucos minutos, logo voltava aquela depressão, aquele vazio profundo, por isso você usa muita droga, porque sabe que aquele vazio some".

Clayton usava de tudo, desde maconha à cocaína e ecstasy, era julgado por muitos, que também julgavam sua família como culpados, perdeu os amigos e foi aos poucos ao fundo do poço "amigos a gente perde todos, e com razão. Se eu tivesse um filho não iria querer que andasse com quem usa drogas. Não é uma questão de exclusão mas sim de prudência". Sua família descobriu a dependência quando ele tinha 18 anos, por causa das várias crises e por ir ao hospital sempre em fase de overdose, "depois disso eu falei 'sim, eu sou um usuário de drogas' e foi nessa hora que meu pai e minha mãe acordaram e pensaram 'opa, nós temos que salvar o nosso filho, mas precisamos nos salvar também, porque se não mudarmos a realidade dessa casa nosso filho não vai sair (dessa situaçaõ)', então começaram a agir com o famoso amor exigente, que eles chamavam: amavam, mas exigiam uma mudança, mas eles deram o exemplo dessa mudança, eles mudaram primeiro".

"Cada dia, quando levanto de manhã, eu quero fazer diferente", Clayton. (Foto: Arquivo pessoal)


Todos sempre ouvimos que família é a base de tudo, neste caso não é diferente. Angélica contou com a ajuda de uma tia para se recuperar "Percebi que precisava de ajuda quando eu não mais conseguia falar 'não' para a droga, mesmo não querendo mais usar. Nesse estágio final já nem dava prazer, só culpa e depressão, mas ainda assim eu usava descontroladamente. Em 17 de dezembro de 2010 eu sofri uma overdose e decidi que iria mudar. Eu não queria morrer. Mas infelizmente usei novamente após 15 dias de "estadia" na casa de uma tia após a crise. Quando voltei pra casa usei por 7 dias seguidos, quase sem dormir.. foi aí que vi que ia morrer. Numa segunda feira, dia 10 de janeiro de 2011, eu não consegui ir trabalhar porque estava muito mal, liguei para essa tia e pedi que me levasse à comunidade (Casa da Divina Providência), pois naqueles dias em que fiquei lá, ela havia me apresentado o lugar".

A Casa não funciona mais atualmente, pois as prefeituras de Pilar do Sul e São Miguel, que eram as conveniadas, não mantém mais as necessidades básicas da comunidade, mas até pouco tempo ajudava mulheres a se reabilitar de qualquer tipo de dependência química. Existem mais lugares que oferecem tratamento, como a comunidade Levanta-te, localizada em Piraju, que já atendeu 400 pessoas.

"Venci o vício simplesmente pelo fato de querer. Sem isso, não há recuperação. É o primeiro passo. Me internei, fiquei 6 meses lá, participei de tudo que a Casa propunha pra recuperação, me converti ao catolicismo verdadeiramente e agradeço a Deus todos os dias por isso. Não existe recuperação sem o querer, sem ajuda profissional e principalmente sem espiritualidade. A religião não importa, mas todo dependente precisa de um Ser Superior pra guiar a sobriedade", afirma Angélica

Hoje, nem Clayton e nem Angélica são dependentes, porém, o esforço para se manter sóbrio é diário, "a luta contra o vício continua até hoje, eu não posso dizer que já sou recuperado, tenho que dizer que sou um recuperando, porque vou ser um viciado pro resto da minha vida, só que hoje sou um ex dependente químico em fase de recuperação, muitas vezes eu sinto vontade, é o interior. Eu me levantei contra esse vício, tenho que ter um poder maior sobre as drogas do que elas por mim", afirma Álvaro.

Angélica diz que ainda frequenta grupos de apoio e percebe que o que mais leva as pessoas recorrerem à droga é a falta de estrutura na família "a maior lição que tiro disso tudo é que sem base familiar não existe pessoa sã. Base familiar não condiz com o padrão de anos atrás, aquele de pai, mãe, filhos e cachorro. Base familiar se refere à criação, ao preparo e atenção que a família dá ao filho, aos exemplos, aos "nãos", aos limites, ao amor".


(Angélica é um nome fictício dado a pedido da entrevistada).

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